terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Alienação Parental é coisa muito séria!

O que é SAP

O que é a Alienação Parental 

Síndrome de Alienação Parental (SAP), também conhecida pela sigla em inglês PAS, é o termo proposto por Richard Gardner [3] em 1985 para a situação em que a mãe ou o pai de uma criança a treina para romper os laços afetivos com o outro genitor, criando fortes sentimentos de ansiedade e temor em relação ao outro genitor.

Os casos mais freqüentes da Síndrome da Alienação Parental estão associados a situações onde a ruptura da vida conjugal gera, em um dos genitores, uma tendência vingativa muito grande. Quando este não consegue elaborar adequadamente o luto da separação, desencadeia um processo de destruição, vingança, desmoralização e descrédito do ex-cônjuge. Neste processo vingativo, o filho é utilizado como instrumento da agressividade direcionada ao parceiro
Conteúdo
4.     1.4 Lembre-se
6.     1.6 Referências
7.     1.7 Saiba Mais

O Genitor Alienante 

·         Exclui o outro genitor da vida dos filhos 

    • Não comunica ao outro genitor fatos importantes relacionados à vida dos filhos (escola, médico, comemorações, etc.). 
    • Toma decisões importantes sobre a vida dos filhos, sem prévia consulta ao outro cônjuge (por exemplo: escolha ou mudança de escola, de pediatra, etc.). 
    • Transmite seu desagrado diante da manifestação de contentamento externada pela criança em estar com o outro genitor. 

·         Interfere nas visitas 

    • Controla excessivamente os horários de visita. 
    • Organiza diversas atividades para o dia de visitas, de modo a torná-las desinteressantes ou mesmo inibí-la. 
    • Não permite que a criança esteja com o genitor alienado em ocasiões outras que não aquelas prévia e expressamente estipuladas. 

·         Ataca a relação entre filho e o outro genitor 

    • Recorda à criança, com insistência, motivos ou fatos ocorridos que levem ao estranhamento com o outro genitor. 
    • Obriga a criança a optar entre a mãe ou o pai, fazendo-a tomar partido no conflito. 
    • Transforma a criança em espiã da vida do ex-cônjuge. 
    • Quebra, esconde ou cuida mal dos presentes que o genitor alienado dá ao filho. 
    • Sugere à criança que o outro genitor é pessoa perigosa. 

·         Denigre a imagem do outro genitor 

    • Faz comentários desairosos sobre presentes ou roupas compradas pelo outro genitor ou mesmo sobre o gênero do lazer que ele oferece ao filho. 
    • Critica a competência profissional e a situação financeira do ex-cônjuge. 
    • Emite falsas acusações de abuso sexual, uso de drogas e álcool. 

A Criança Alienada:

·         Apresenta um sentimento constante de raiva e ódio contra o genitor alienado e sua família. 
·         Se recusa a dar atenção, visitar, ou se comunicar com o outro genitor. 
  • Guarda sentimentos e crenças negativas sobre o outro genitor, que são inconsequentes, exageradas ou inverossímeis com a realidade. 
Crianças Vítimas de SAP são mais propensas a:
·         Apresentar distúrbios psicológicos como depressão, ansiedade e pânico. 
·         Utilizar drogas e álcool como forma de aliviar a dor e culpa da alienação. 
·         Cometer suicídio. 
·         Apresentar baixa auto-estima. 
·         Não conseguir uma relação estável, quando adultas. 
·         Possuir problemas de gênero, em função da desqualificação do genitor atacado. 

Como parar a Alienação Parental? 

Busque e Divulgue Informações

A síndrome da alienação parental é um tema bastante discutido internacionalmente e, atualmente, no Brasil também é possível encontrar vários sites sobre o assunto [Sites Sobre SAP], bem como livros [Livros] e textos [Textos sobre SAP].

Tenha Atitude 

Como pai/mãe 
·         Busque compreender seu filho e proteja-o de discussões ou situações tensas com o outro genitor. 
·         Busque auxílio psicológico e jurídico para tratar o problema. Não espere que uma situação de SAP desapareça sozinha. 

Lembre-se

A informação sobre a SAP é muito importante para garantir às crianças e adolescentes o direito ao desenvolvimento saudável, ao convívio familiar e a participação de ambos os genitores em sua vida. 
A Alienação Parental não é um problema somente dos genitores separados. É um problema social, que, silenciosamente, traz conseqüências nefastas para as gerações futuras. 
Pai e Mãe, os filhos precisam de ambos! 

Estatísticas sobre a Síndrome da Alienação Parental

·         80% dos filhos de pais divorciados já sofreram algum tipo de alienação parental. [1]
  • Estima-se que mais de 20 milhões de crianças sofram este tipo de violência [2]

Referências

[1] CLAWA, S.S.; RIVIN, B.V. Children Held Hostage: Dealing with Programmed and Brainwashed Children. Chicago, American Bar Association, 1991. 
[2] Dados da organização SplitnTwo [www.splitntwo.org].
[3] Gardner R. Parental Alienation Syndrome vs. Parental Alienation: Which Diagnosis Should Evaluators Use in Child-Custody Disputes?. American Journal of Family Therapy. March 2002;30(2):93-115.

 

Sobre bebês...

5 coisas que você (provavelmente) não sabia sobre bebês
Revista SUPERINTERESSANTE
Otavio Cohen   -  4 de outubro de 2012
Tem gente que não pode ver um bebê sorridente passeando num carrinho que já tem uma overdose de fofura. Tem também aqueles que se contorcem de dor e sofrimento só de pensar na ideia de ter um filho. Se você se encaixa em um dos dois casos, provavelmente é porque não sabe muito sobre bebês. Um aviso aos que não resistem às bochechas gordinhas e ao sorriso sem dentes dos pequenos: vida de mamãe e papai não é fácil. Ter uma criança que depende de você para quase tudo pode exigir mais dedicação (e mais noites em claro) do que você imagina. Já aos que não gostam nem de sentir o cheiro de criancinhas, sugerimos ler com atenção esta lista. Assim como os bebês, ela pode surpreender:
1. Bebês precisam aprender a dormir
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Até os 3 meses de idade, os bebês precisam de 16 horas de sono por dia. O dobro de você. O problema é que, para os pequenos, o sono vai e vem toda hora. Eles acordam para mamar ou simplesmente para mudar de posição. Se você já acordou no meio da noite ao ouvir uma criança chorando, pense duas vezes antes de amaldiçoar a família toda. 90% dos bebês não nascem sabendo dormir direito. Os pais precisam acostumá-lo a engatar no sono sem interrupções. Uma boa dica é criar um ritual: dar banho ou contar uma história para o sono chegar. Sabe o que não adianta? Ninar no colo, deixar a luz acesa e fazer o bebê dormir mamando. Mesmo se os pais souberem o que fazer, o caminho é longo. O bebê pode levar até 3 anos para dormir uma noite inteira. Um dos motivos é o item a seguir.
2. Bebês não sabem diferenciar hoje de ontem ou de amanhã
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Eles reconhecem rostos, vozes e sons. Mas pode levar muitos meses até os pequenos começarem a ter noção de espaço e identificarem, por exemplo, o quarto onde dormem. As regiões do cérebro responsáveis por estas habilidades ainda estão amadurecendo. A noção de tempo começa a ficar mais nítida entre os 4 e 12 meses de idade. É aí que o bebê começa a produzir melatonina, o hormônio que ajuda a induzir o sono. Os pais podem ajudar os filhos a se acostumarem com a diferença entre os períodos do dia, mantendo as cortinas abertas enquanto houver sol e as luzes apagadas durante a noite.
3. Bebês já nascem predispostos a aprender física ou tocar piano
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Antigamente, acreditava-se que todo ser vivo nasce como uma folha em branco e precisa ser moldada do zero. Esta teoria já ficou para trás há muito tempo. Agora, a ciência já sabe que o bebê já vem com vários ‘programas instalados’ de fábrica. Calma, isso não quer dizer que todos os bebês serão Einstein ou Beethoven no futuro. Mas os estímulos que eles recebem dos pais e dos amigos podem ajudar a moldar sua personalidade e suas habilidades. Colocar uma criança em contato com outras línguas desde cedo pode ser decisivo para criar um adulto fluente em idiomas estrangeiros. As maravilhas do mundo dos bebês não param por aí. Experiências revelam que crianças de 9 meses já distinguem personagens bons e ruins. E preferem os bonzinhos.
4. Mamadeira nem sempre é pior do que leite materno
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Você aprendeu que nada substitui o aleitamento materno. Não é à toa que a amamentação é, com todo o mérito, um dos maiores símbolos da maternidade. O problema é que nem toda mulher pode amamentar. E algumas (as que tomam remédios como antidepressivos, cujos princípios ativos podem passar pelo leite) nem devem. Há no mercado algumas fórmulas de leite em pó que imitam bem a composição nutricional do leite materno. E estes alimentos são perfeitamente saudáveis.
5. Birra tem razões neurológicas. E tem cura
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Acha que a birra do filho da sua amiga é culpa só dela, que não sabe impor limites e não o educa direito? Não é bem assim. O neocórtex, uma parte do cérebro responsável por capacidades como reflexão, planejamento, imaginação, pensamento analítico e solução de problemas, ainda não está completamente formado nos bebês. Nos primeiros anos de vida, faltam conexões entre os neurônios que existem lá. Aí, já viu. Se a criança é minimamente contrariada, já é motivo para ela se jogar no chão e esmurrar o piso. Mas não é o fim do mundo. Para acabar com as crises, os pais podem ajudar os filhos a serem mais racionais. Ser carinhoso é o primeiro passo. Só assim a sua amiga conseguirá ‘impor limites’ e ‘educar direito’ o filho dela.

Da edição especial “Como os bebês funcionam”, da SUPERINTERESSANTE
Outubro/2012
 

Família: novas configurações ou extinção?

Relatório global prevê era do 'pós-familismo'
JULIANA VINES
DE SÃO PAULO
O "Admirável Mundo Novo" imaginado por Aldous Huxley está perto de virar realidade para o demógrafo americano Joel Kotkin, autor do relatório internacional "A Ascensão do Pós-Familismo".
Publicado em 1932, o livro de Huxley pintava uma era na qual laços de parentesco eram desencorajados e as palavras "pai" e "mãe", ditas com constrangimento.
Para Kotkin, as mudanças demográficas das últimas décadas não deixam dúvidas: "Já vejo semelhanças com a ficção: a paternidade está desaparecendo e as pessoas se identificam mais com a classe a que pertencem do que com a família", disse o demógrafo à Folha. Ele define pós-familismo como uma sociedade centrada no indivíduo.
Países ricos estão na dianteira desse fenômeno mundial de múltiplas causas: econômicas (o custo de ter filhos subiu), culturais (a mulher quer ter uma carreira antes de ser mãe) e políticas (falta de incentivos à maternidade). "O pós-familismo é crítico por resultar de muitas tendências. No Japão, o custo de vida é alto. No Irã, os filhos são um luxo", ilustra Kotkin.

Editoria de Arte/Folhapress

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A maior parte do levantamento, que envolveu cinco pesquisadores, três centros de estudo e dados de todos os continentes, foi feita no leste asiático, região de culturas centradas na família. É bem lá que o pós-familismo cresce rápido. Segundo o relatório, um quarto das mulheres do leste asiático ficarão solteiras até os 50 anos e um terço delas não terão filhos.
A queda na fecundidade é uma tendência sem volta inclusive no Brasil. Hoje, as brasileiras têm, em média, 1,9 filho; em 1980, a média era 4,4.
Mas, para especialistas brasileiros, o termo "pós-familismo" é apocalíptico demais. Se a família margarina (aquela com apenas pai, mãe e filhos) já não é mais dominante, novos arranjos proliferam.
"Aumentaram as famílias monoparentais, com apenas pai ou mãe, e os casais sem filhos", diz José Eustáquio Alves, da Escola Nacional de Ciências Estatísticas do IBGE.
A demógrafa Simone Wajnman, da UFMG, analisou dados do Censo 2010 recém-publicados e descobriu que a família estendida, a que inclui parentes além do núcleo principal, já corresponde a 26% dos domicílios.
A família está longe de morrer, diz a socióloga Maria Coleta de Oliveira, da Unicamp. O que há é mais chance de escolha. "Não há um nome para esse momento. A diversidade será cada vez maior."
VÍNCULO DE SANGUE
A futuróloga Rosa Alegria, pesquisadora de tendências da PUC-SP, acredita que se está no meio do caminho. "Ainda não há retrato revelado. Mas é certo que a família tradicional é passado", diz, arriscando sua definição: "Família foi vínculo sanguíneo; hoje é um grupo com interesses comuns. No futuro, pode ser um grupo de amigos".
Para o IBGE, família ainda designa pessoas sob o mesmo teto. A classificação não contabiliza casos de guarda compartilhada ou de casais que moram separados. "Já há uma recomendação da ONU para que os critérios de contagem mudem. Pensamos nisso, mas talvez para os próximos cinco anos", diz Gilson Matos, estatístico do IBGE.
Editoria de Arte/Folhapress
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Se o pós-familismo não é consenso, o crescimento do individualismo é. "As pessoas preenchem suas vidas com bens de luxo e alta escolarização. Há uma pressão social pelo investimento pessoal", diz Ana Amélia Camarano, pesquisadora do Ipea.
Esse individualismo é resultado do próprio modelo de família tradicional, segundo o antropólogo Luiz Fernando Dias Duarte. "A família moderna tem a função de criar 'indivíduos' autônomos", diz. "Todos esses fenômenos atestam não a superação da família, mas a individualização. A família, no sentido amplo de rede de parentesco, está forte e ativa como sempre."
Segundo a psicóloga Belinda Mandelbaum, professora da USP, as novas famílias são pressionadas a reproduzir práticas individualistas e ainda sofrem por não se encaixarem no modelo tradicional.
"Há no imaginário social a ideia de que a família tradicional seria melhor. Não há melhor ou pior, o que importa é a qualidade dos laços."
Para ela, muitas das novas famílias não têm nada de novo. "Diferem na composição, mas repetem o funcionamento tradicional. Em casais homossexuais pode haver violência como nos héteros. Nas famílias sem pai, um avô ou tio assume a função paterna."
Não sem consequências, analisa Nilde Parada Franch, presidente da Sociedade Brasileira de Psicanálise-SP. "O pai ausente pode deixar o registro de uma falta importante." Ela diz que o desafio, nesse quadro de diferentes agrupamentos, é tolerar as novidades, mas sem banalizá-las e sem ignorar traumas e perdas resultantes da revolução.
Folha de S.Paulo  -  25/dezembro/2012
 

Brincadeiras...

Menino pode se comportar como menina? Até que ponto vai um menino como uma menina?

Uma corrente pedagógica defende a tese de que meninos e meninas devem ser criados de forma igual.

 O perigo é confundi-los acerca de sua sexualidade.
FERNANDA ALLEGRETTI


As filiais das lojas de brinquedos Toys"R"Us e BR Toys na Suécia trazem uma novidade em seus catálogos deste Natal. As fotos ilustrativas mostram meninas com  carrinhos e armas de mentira e meninos se divertindo com bonecas e utensílios domésticos, como aspirador de pó e ferro de passar roupas.
A troca de papéis nas fotos  foi feita sob a orientação da Swedish Advertising Ombudsman, uma das organizações que regulam a propaganda na Suécia. O órgão alega que, no ano passado, recebeu  muitas reclamações de consumidores dizendo que as campanhas dessas lojas eram muito conservadoras em relação aos papéis feminino e masculino. Por que argumentavam esses consumidores — manter velhos estereótipos ligados ao gênero das crianças ao escolher os brinquedos para elas? Esse tipo de raciocínio não é uma excentricidade restrita aos suecos. Ele faz parte de uma corrente pedagógica que vem se espalhando por outros países e que propõe uma educação de gênero neutro, ou seja, que não leve em consideração o sexo da criança. Os educadores e as famílias que defendem esse estilo de aprendizado afirmam que é preciso derrubar tradições como vestir meninos de azul e meninas de cor-de-rosa, e que se deve dar a eles liberdade para que escolham as roupas que vão usar — mesmo que sejam características do sexo oposto.
Segundo esse ponto de vista, não se deve influenciar a criança a adotar comportamentos que sempre foram vistos como típicos de seu sexo.
A educação de gênero neutro abriga um objetivo nobre que, para ser alcançado, exige práticas arriscadas. A ideia dos que advogam essa corrente pedagógica é eliminar de uma vez por todas os velhos padrões que põem a mulher como dona de casa e o homem como o macho provedor, a mulher como o ser delicado que atende às vontades masculinas e cuida da prole. A liberdade de escolha para inverter os papéis tradicionais, para quem segue essa corrente, é um exemplo positivo na educação dos filhos.
O risco dessa postura, alertam muitos especialistas, é confundir as crianças acerca de sua sexualidade, com consequências imprevisíveis. "Ampliar as possibilidades de aprendizado é uma ideia interessante, mas forçar a transição entre os universos masculino e feminino, não", diz a psicanalista paulista Ana Olmos, especializada em neuropsicologia infantil.
Um exemplo de comportamento inadequado que essa inversão de papéis patrocinada pelos pais pode provocar tornou-se público com o casal de atores americanos Angelina Jolie e Brad Pitt. Eles dizem criar sua filha Shiloh, hoje com 6 anos, dentro das normas da educação de gênero neutro. Angelina já foi vista comprando roupas de menino para Shiloh. Permite que a menina use gravata, sapatos masculinos e cortes de cabelo idem. A atriz costuma se desentender com a sogra, que insiste em presentear a neta com roupas femininas e fantasias de princesa. O resultado é que o lindo bebê que aparecia no colo de Angelina em seu primeiro ano de vida hoje surge nas fotos com a aparência masculinizada. Disse a VEJA a psicóloga americana Diane Ehrensaft, diretora do Centro de Saúde Mental e Gênero da Criança e do Adolescente, na Califórnia:
"É comum que as crianças brinquem com peças de roupa do sexo oposto, mas que os pais estimulem esse comportamento, isso definitivamente não é normal, muito menos saudável".
Até hoje a ciência não descobriu se a homossexualidade é inata ou adquirida no meio social, mas já se tem certeza de que toda criança nasce com predisposição a desenvolver características psicológicas do sexo a que pertence. A literatura médica está repleta de casos em que os pais tentaram dar outra orientação sexual aos filhos, com resultados lamentáveis. O caso recente mais conhecido é o do canadense David Reimer. Em 1966, antes de completar 1 ano, Reimer teve o pênis extirpado numa cirurgia de circuncisão desastrada. Seus pais cruzaram os Estados Unidos para consultar o psicólogo Jolin Money, na época considerado uma autoridade em diferenças entre os gêneros. Money aconselhou uma cirurgia de mudança de sexo, com a construção de uma vagina artificial seguida de um bombardeio de hormônios femininos. Na ocasião, Money tentava comprovar a teoria de que não eram as características físicas que determinavam o sexo, e sim a educação dada pela família. Os pais concordaram com a cirurgia e Reimer, rebatizado de Brenda, foi criado como uma menina. Logo se constatou o fracasso da empreitada. Aos 2 anos, Reimer rasgava seus vestidos com raiva. Recusava-se a brincar com bonecas. Mais tarde, na escola, sofria bullying por causa de seus trejeitos masculinos. Seus pais só lhe contaram sobre a cirurgia
de mudança de sexo aos 14 anos. Em 2004, aos 38 anos, Reimer se matou.
Não é de admirar que a Suécia seja o território onde a educação de gênero neutro melhor viceja. O país figura em quarto lugar no ranking do Fórum Econômico Mundial, que mede as diferenças entre os homens e as mulheres levando em conta o nível de remuneração e o acesso à saúde, à educação e a cargos políticos. O Brasil ocupa a 62ª posição nessa lista. "Os adultos precisam definitivamente mudar de mentalidade para que as crianças entendam que homens e mulheres têm a mesma capacidade e os mesmos direitos", diz a professora Hanna Grandert, de 33 anos, que mora em Estocolmo com o marido, Tobias Egge, de 43. O casal educa os quatro filhos, uma menina e três meninos, sem distinção de gênero. Hanna leciona na escola pública Egalia, fundada há dois anos e que segue a mesma linha pedagógica. Na Egalia, os alunos não são chamados pelo equivalente em sueco a "ele" e "ela", mas pelo pronome neutro hen. Dificilmente se veria algo semelhante no Brasil. Diz Laez Fonseca, assessor pedagógico do Colégio São Luís, de São Paulo: "Hoje as escolas são mistas, e nelas se procura eliminar os aspectos culturais machistas. Mas é preciso considerar que homens e mulheres são biologicamente diferentes".

Revista VEJA - 19/dezembro/2012